insignificante
Artigo interessante, como habitual, de Nuno Campos sobre o Erinaceus europaes, no último número da Gazeta da Beira recorda-me o "meu" em Lanzarote.
e aqui:
https://naturdata.com/especie/Erinaceus-europaeus/6577/0/
Labels: Lanzarote, Ouriço
Antes de me retirar leio um livro curioso, que recentemente me recomendaram:
já só se encontra em alfarrabista. Mas tirando algumas descobertas do marialvismo de alguns autores, até consagrados, é um livro muito datado.
Labels: Cardoso Pires, Marialva
Já está seleccionado para uma das, talvez a, leitura no retiro natalício deste ano:
este de vez em quando o compulso, mas a minha leitura foi a tradução de mestre Aquilino Ribeiro, que usa um português de alta qualidade e densidade.
Este ano, com um cada vez melhor domínio do castelhano, será esta edição, de 1300 páginas da Real Academia.
Livro em posta anterior de Muñoz Molina abriu as águas.
Labels: Cervantes, Don Quijote de la Mancha, Don Quixote
"Somos ervas daninhas mamíferas e erectas" , diz-nos Dorian Sagan , e já com Lynn Margulis acrescenta que somos/vivemos "enorme sistema vivo dominado por micróbios", até o oxigéneo que respiramos é um resíduo microbiano.
Um livrinho de culto, lido numa hora de meia enquanto esperava arranjo do carro.
de onde piquei estas:
Labels: Gaia., Margulis, Sagan
Obsolescência,
sustentáculo do actual sistema
“COLIBRISMO,
é a crença que a mudança ecológica resultará da soma das pequenas acções
individuais.”
Michael
Löwy
1-Não
quero semear desassossego, mas estamos tramados. Tudo o que vemos e lemos,
claro fora do rolo compressor dominante, nos indica que vivemos tempos
“impossíveis.” A ruptura de 7 dos 9 parametros que permitem a vida, humana, na
terra mostra que vivemos desfocados da realidade.
Aqui
os 9: Fluxos biogeoquímicos; Novas substâncias; Uso dos solos; Integridade
da biosesfera; Alterações climáticas; Água “fresca”; Acidificação oceânica; Depleção
do ozono estratosférico; Alteração da carga de aerossóis. *
Estes
são os elementos que nos referem são básicos para permitir a vida na Terra, a
nossa, pelo menos. E 7 deles já ultrapassaram os limites e os outros 2 estão
perto. E basta que 3 sejam ultrapassados para o colapso.
Pensei
escrever sobre esses, mas vou deixar para livro em curso de elaboração, e para
conferências que tenho produzido, mas não queria deixar de vos dizer, que nada
que nos impingem jornais, televisões, televisões e redes sociais merece, salvo
escassas e excepções a mínima credibilidade. Vivemos submersos pela hegemonia
que nos escamoteia o mundo e continua a mergulhar-nos na obsolescência do
consumo, e todas as hidras que a estruturam, referidas no meu livro “ O
Apocalipse Incerto”.
2-
A Obsolescência é um conceito especialmente desenvolvido por um grande filósofo
e activista social, que com a sua ex-companheira é também o criador do conceito
da banalidade do mal, que hoje se deve enfiar nos sucessores dos nazis que são
os sionistas, na sua lógica política, no seu racismo associado ao genocídio, e
na sua invenção da história, os dois, Anders e Arendt judeus anti-sionistas. Mas
é Gunther Andrers que desenvolve num dos seus muitos magnus, obras mestras de
espessura e qualidade, o conceito da obsolescência, articulado também com o
lançamento das bombas nucleares, esse pavoroso crime sobre o Japão, com meros
objectivos geo-políticos (amedrontar Stalin). Anders foi também um dos
fundadores dos Grünen, Verdes alemães, dos quais se afastou quando eles
deixaram de ser contra as guerras, sem na altura terem ainda chegado a ser,
como hoje, um partido armamentista.
3-
Obsolescência é a sociedade espectáculo em que vivemos, em que tudo é ficção, é
a sociedade do usa e deita fora em que estamos mergulhados, é a sociedade do
inútil e do crescimento desse, permanente. É a sociedade onde as notícias
deixaram de o ser porque o contraditório desapareceu, todos, todos dizem o
mesmo, pela mesma pauta, embora com contradições aparentes (o caso dos fogos é
outro paradigma!).
Não
se vê, pouco se lê e raras vezes se ouve, nos médias outro discurso que não
seja o da obsolescência. E se aqui e ali há alguma resistência rapidamente se
procura controlá-la ou enquadrá-la no âmbito do poder.
A
Obsolescência é base da Hegemonia e aliada da Entropia.
4-
Temos um sistema que sem sequer se aperceber (claro alguns já estão a preparar
a fuga para Marte) está já em colapso. Nem vale a pena referir casos. Mas
também estamos cada vez menos capazes de gerar rupturas, criar outras
condições, desenvolver alternativas ao sistema de produção. Desde que os
heróicos ludistas, revolucionários do século XVIII, tentaram inverter
destruindo as máquinas industriais, só temos o produtivismo a continuar o
caminho da Obsolescência.
E
sabemos que não é por eu fazer reciclagem, comer local e saudável, poupar
recursos, reduzir consumos, rezar ou meditar, participar em acções de
filantropia, ou dar para carências, subscrever milhares de petições e
abaixo-assinados que seja o que for vai ser alterado. O sistema necessita que o
desliguemos. Todos, Todos. Todos.
*Não
quero deixar os leitores no escuro. Aqui: está tudo:
https://www.stockholmresilience.org
Labels: Colibrismo, Gazeta da Beira, Obsolescência, opinião
Não costumo publicar aqui textos que não meus, mas dado o depaupério anti-taurino, contra o mundo rural, a ruralidade e os direitos humanos, incluindo o direito ao bom nome, dados os insultos desbragados que um forcado morto foi alvo, dada a cada vez maior imbecilidade, muitas vezes acobertada com discursos pseudo-intelectuais e que se arrogam o de cultura, venho hoje aqui trazer, gentilmente enviado por ele, o texto do meu amigo Luis Capaucha, ontem publicado num jornal:
Festa de Toiros, celebração da vida
Não costumo responder às investidas do PAN contra a tauromaquia porque
considero que estaria a alimentar a estratégia de um partido que se vai
tornando irrelevante por culpa própria e que vê nelas uma tábua de
salvação. Vou a jogo porque deixar sem resposta
o artigo de Inês Sousa Real (ISR), líder do PAN, que o Público publicou
no dia 30 de agosto, pode deixar que pareçam razoáveis e verdadeiras as
invetivas que ali desfila.
A propósito da morte de um forcado e de um espectador no Campo Pequeno
ISR titula assim o seu artigo de opinião: “a tradição não pode valer
mais que a vida humana ou animal”. Concordo, nada vale mais do que a
vida, cada vida, e discordo radicalmente da equiparação
da vida humana à dos animais. Mas celebrar a vida implica esconder a
morte? É claro que vivemos num quadro cultural em que tanto se nega a
morte quando é próxima, como se exibem sem pudor matanças reais ou
lúdicas na esfera mediática (tradicional ou digital),
e essa é uma distorção cultural que não faz bem às nossas sociedades. A
morte existe e deve ser respeitada. E percebida como parte da vida.
Reconhecer a morte e enfrentá-la é celebrar a vida. Propõe ISR que se
abulam todas as práticas em que a morte pode ocorrer
podendo ser evitada? No desporto? No lazer, por exemplo, nas praias?
Quem não entende a morte, não pode compreender a vida nem a alegria
festiva com que se celebra. A celebração de rituais tradicionais, que
conformam identidades presentes, é espaço de vida,
mesmo quando se evoca a morte ou quando ela, infelizmente, pode
ocorrer.
Apresenta ISR o triste acontecimento da morte de um forcado valente na
arena que emocionou todo o país como pretexto para acabar com o
sofrimento causado pela tauromaquia a pessoas e animais. No discurso
anti-touradas é permanente a confusão entre pessoas e
animais, típica de um partido animalista como o PAN. Como o é a
tradicional confusão entre dor e sofrimento. São coisas muito distintas.
Pelo que nos ensinam as neurociências e nós já intuíamos, a dor pode
causar sofrimento, mas também felicidade, ao mesmo
tempo que o sofrimento e a infelicidade podem andar completamente
arredadas, e andam tantas vezes, do tipo de dor a que ISR se refere, a
física. Assim, calcula ISR o sofrimento que causaríamos a centenas de
milhares de portugueses que gostam de touradas se
estas fossem banidas? Sofreriam amargamente, como sofrem todos os
oprimidos!
Acusa ISR os interesses do lobby da tauromaquia de serem responsáveis
pelos acidentes que ocorrem numa praça de toiros. Pobre lobby, cujos
recursos são tão escassos quando comparados com os recursos da indústria
PET e das indústrias culturais que suportam generosamente
o lobby animalista. Uma gota de água taurina no oceano dos interesses
animalistas. Apesar desta desproporção de recursos, a Festa resiste e
persiste. Porquê? Porque as pessoas querem e porque a tauromaquia se
reproduz transmitindo-se enquanto cultura de geração
em geração. Enquanto houver democracia e crianças a brincar aos toiros,
haverá tauromaquia, uma arte maior que o nosso povo cultiva.
Já agora, sublinhe-se o tom completamente demagógico do artigo, revelado
na atribuição da causa da morte de um aficionado na bancada nessa noite
à comoção provocada pela morte do forcado. Esse espectador era um
grande aficionado que certamente se indignaria
com a vil utilização da sua morte para fins propagandísticos. Morreu,
ao que sei, devido a um aneurisma da aorta. A corrida de toiros é coisa
de emoções, mas quer ISR abolir s emoções e todos os contextos em que
se geram? A falta de respeito e de compaixão
de ISR não tem limites.
ISR jura que não a move o ódio e que o PAN não se regozijou nem
regozijará com a morte de pessoas. Oficialmente, talvez não, por
cobardia. Mas as mensagens indecentes passadas nas redes sociais, a
maioria da autoria de perfis falsos típicos dos anti-taurinos,
foram escritas por quem, senão por simpatizantes e militantes do PAN e
da plataforma Basta de touradas? Tanta hipocrisia! O PAN é, de facto,
responsável e autor moral dessas mensagens ignominiosas.
Afirma ISR que, segundo indicam vários estudos, a “maioria da população
portuguesa rejeita” as touradas, que “não deseja ver apoiadas com o seu
dinheiro”. Cabe perguntar: que estudos? Não há nenhum estudo credível a
suportar esta afirmação e a única sondagem
séria feita sobre o assunto, realizada pela Eurosondagem, mostra que os
que apoiam a proibição são uma escassa minoria, perto de 10%, sendo
quase o dobro os que afirmam gostar de toiros. E de que dinheiro fala
ISR? São centenas de milhares as pessoas que todos
os anos passam pelas bilheteiras das praças a comprar os seus bilhetes.
Estão, sim, dispostos a pagar e pagam. Subsídios do Estado? É mentira,
não há! Trata-se, talvez, da única atividade cultural que não é
subsidiada pelo Estado sendo que, pelo contrário,
contribui significativamente para o orçamento da cultura.
ISR continua a reclamar contra a presença de crianças em corridas de
toiros. Chama em sua defesa recomendações feitas pelo Comité dos
Direitos das Crianças das Nações Unidas e a Ordem dos Psicólogos.
Sejamos claros: nem o Comité nem a Ordem apresentam uma única
prova científica de que a participação de crianças, quer como
espectadores, quer como protagonistas em espetáculos adequados à sua
idade e desenvoltura técnica, tem efeitos negativos no seu carácter e no
seu comportamento. Pelo contrário, os estudos científicos
que se conhecem desmentem totalmente qualquer impacto negativo. Eu
próprio, com outros colegas, publiquei um artigo em revista científica
com revisão pelos pares em que se demonstra ser nula a relação entre a
densidade tauromáquica nos concelhos de Portugal
e os índices de criminalidade e os índices de desenvolvimento concelhio
– assim se desmentindo, de passagem, a ideia de que a tauromaquia é
coisa do passado, retrógrada e atávica. E o psicólogo David Guillén, da
Universidade Aberta de Madrid, vem há muito
investigando o impacto da participação de jovens em escolas de toureio e
em grupos de forcados no desenvolvimento da personalidade. Pois bem,
comparados com outros jovens, os impactos são muito positivos,
semelhantes à participação em desportos que exigem
muita concentração, foco, determinação e controlo. O que ele nos
explica é que os conteúdos violentos são filtrados pela mediação do
ritual e são descodificados pelos adultos significativos, que
transformam esses conteúdos em valores e atitudes positivas.
Para estes jovens não se justificam proibições de telemóveis nas
escolas, porque são mais sociáveis, mais autónomos e capazes de avaliar o
risco. Gostam dos animais, como gostava Manuel Maria Trindade, mas não
os confundem com as pessoas, nem substituem umas
pelos outros.
Indigna-se ISR que se possa realizar outra corrida de toiros no Campo
Pequeno, por falta de respeito. Suprema hipocrisia. E total
incompreensão do que está em causa. Desrespeitar a memória de um jovem
forcado como Manuel Maria Trindade, morto ao consumar uma
pega, seria negar a sua cultura, os seus valores. Esses são os valores
da coragem, do arrojo, do auto-controlo, da solidariedade, da amizade,
da confiança nos amigos, do amor ao toiro, e deixar que eles morressem
com o herói que, conscientemente, num ato de
suprema liberdade, celebrou o ritual sagrado do encontro com o animal
sagrado, bravo, força da natureza. Continuar a festa é também honrar os
seus heróis. A Festa de toiros é liturgia de morte e de vida, em que a
morte não é apenas representada simbolicamente,
é um perigo real. A generosidade de quem entrega a sua vida em supremo
sacrifício, é semente de vida, celebração da vida, que continua. É esse o
sentido profundo da Festa. A diversão de que fala ISR é apenas a espuma
que emana da vida, tendo na base a verdade
derradeira cuja perceção é própria do Homem, de nenhum outro animal.
Continuar as corridas é gritar liberdade e vida. E esse grito continuará
enquanto as praças de toiros continuarem a encher-se de pessoas,
cidadãos inteiros, que se revêm nesta Festa e se
projetam no exemplo dos seus heróis.
Luís Capucha
Sociólogo, Presidente da Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal
Labels: Luís Capucha, Ruralidade, Tauromaquias
É um dos críticos de referência da sociedade do espectáculo em que vivemos mergulhados.
Esta nota sobre o filme dele que irei ver no Ideal diz tudo:
A must seen. Debord's anti cinema statement might be considered
repellent in his first film (when it is extremist innovation); but in
this one, the use of stills upon which the discourse progresses from the
evocation of the mechanisms of the society of the spectacle, the
alienation by consumption, the oppression of modern society to the
deception of imbecile propaganda cinema, transmitting falsehood, to
considerations about Paris, the loss of its true spirit and about
himself, Guy Debord, is not only an illustration of détournement. It is a
beautiful work in which the relation between the image and the
narration is incessantly questioned; the two expressions interfere
enigmatically, in a secret game of analogies, they collide, complete
each others, combine to produce a third element that a linear use of
cinematic images produced for the narration would fail to achieve. Not
only the political content is pretty up to date but it is simply a
beautiful work of modern visual poetry.

este o cartaz que anuncia os filmes dele.
Irei ver este:

que ele achou útil editar em livro....
Labels: Debord, Filme, Situacionistas