Sou um grande adepto de livros de viagens, atenção nada a ver com livros de turismo. De viagens que implicam comunidades, e as suas estórias, gastronomia e religião, factos culturais e também a história e política. Grande parte dos livros de filosofia são de viagens e grande parte da melhor literatura também.
E claro a biologia, como esquecer a viagem de Darwin ou as de Humboldt. Mas se formos ao âmago quase todos os livros são de viagens. Umas ficam e outras passam.
Regressado das Alpujarras encontro na secretária esta deliciosa oferta de meu amigo F.S.Pessoa:
um verdadeiro livro de viagens, pelo espaço, onde o budismo se sedeou (por alguma razão!), onde as montanhas e os vales escarpados produziram ambientes e gentes únicos e onde a malha social é diferente, ainda. Ou pelo menos quando o Fernando lá andou.
Recordei a economia budista de E.F.Shumacher e também os meus tempos mosteirais, sonhei com outras viagens, embalado por esta. Saboreei pequenas pérolas no texto e vi com agrado os bonecos, ou melhor os desenhos.
Um livro erudito, do qual só não gostei da edição, tamanho, montagens, mas que vai ficar na primeira prateleira.
Labels: Buda, Fernando Pessoa, himalaia
Hoje leio que alguns independentes de "pensamento" foram despedidos de diversos órgãos de comunicação social, onde assinavam colunas. Só me surpreende é que ainda por lá estivessem que a hegemonia, o controle do discurso e do pensamento domina, completamente, os órgãos da hegemonia e só dá ilusões de abertura para fazer de conta. Ora dizem-me que foi uma razia, que aliás vem de trás e se bem que alguns ainda sejam substituídos por outros, mais domesticados, o caminho é inexorável.
Não há nenhum jornal nacional que tenha um arremedo de autonomia, das televisões estamos falados há muito, e se por aqui e ali ainda resiste algum espaço radiofónico e em jornais regionais ou específicos, há cada vez menos notícias, e essas tem que se escavar para as perceber e o comentário politicamente orientado, mas sempre no mesmo sentido tomou conta do espaço publicado ou dito.
Leio, sem surpresa que os poucos pensamentos que saem do quadro único em que nos procuram moldar deixam de ter ar.
Continuamos, continuamos.
Labels: comunicação, média
Hoje fui visitar no Museu Municipal de Tavira uma exposição sobre Balsa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Balsa_(Lusit%C3%A2nia)
de que encontrei este excelente documento na Wiki. O mesmo não posso dizer da exposição que me desiludiu muito, muito.
Referi o D.Quixote mas talvez seja mais as Mil e uma Noites que este livro (estes dois!) emula, nas suas mais de 800 páginas.
cada noite imbrinca noutra, cada vida se liga a outras vidas .E sempre continuamos despertos, entre a realidade e a ficção. Seguimos.
Labels: manuscrito, Potocki, Viagens
Um livrinho sem utilidade e sem sentido:
se juntasse os meus escritos na revista Elle o resultante seria muito, muito melhor, as dicas muitos mais variadas e divertidas e o aprendizado muito melhor.
Mas é uma "famosa" e tem um blog....
Labels: Insectos, luta biológica, pragas
Trato-os como de sempre:
Li um terço do 1º volume (430 páginas) o 2º tem outras tantas. Uma estória misto de lendas, de esoterismo, história e etno-sociologia, disfarçada de romance de aventuras.
Ombreia com o D.Quixote e com outros documentos da nossa realidade. Passa pelo nosso couto.
Labels: manuscrito, Potocki, Viagens
Não sei se foi mensagem de parabéns, mas uma querida amigo (Kuku!) envia-me este mocho, sabe ela que são do meu fascínio.
Labels: Mocho
“os signos são sinais que aqui se grafam para a leitura.”
Foi assim que demos início há precisamente 21 anos a este blog, no dia 23 de Junho de 2003, que sem interrupções, e acumulando durante alguns anos com outro (blog) tem tido intervenção pública, hoje com uma média diária de entre 150 e 200 visitas (embora deva descontar talvez metade por serem de origem bengali ou parecida).
Mas chegamos a ter picos de cerca de 500 visitas nacionais!
Diverte-me e é como que uma agenda, de livros, filmes, outras artes e comentários políticos e sociais.
Enquanto tiver tempo... e sinais desse.
Labels: Aniversário
comprei a nova edição em poche, e não me arrependo. Em linha com Charbonneau que dizia que a agricultura biológica se tornaria o complemento da agricultura industrial. Um livro importante após a leitura de alguns noutra linha, da agrobio. Uma crítica feroz à lógica dos projectos, aos apelos a projectos, que domesticam os movimentos que abandonam a luta política.
"A crítica à escalada tecnológica, da transhumanização das nossas existências, abandonou definitivamente as margens da confidencialidade para se transformar em reflexões políticas sobre o avanço do industrialismo." É o centro do livro.
Labels: agroecologia, Ecologia política, renascimento rural
Um artigo para o pequeno almoço, que substitui os jornais que já não compro:
a única novidade é o autor, e ter escrito isto, o artigo que constitui o livrinho, em 1864.
Notável, parece escrito hoje, só que multiplicaria as devastações e destruições, pelo capitalismo desenfreado.Reclus é um dos nossos.
Labels: pensamento libertário, Reclus
Hoje fui abastecer de cultura e encontrei este excelente cartaz (dobro de A5!):
Labels: Aves, Humanidade
Tivemos uma longa noite destes. Sabemos bem o que é a sua política. Qual é a sua cultura.
Uma capa notável de hoje:
Estava a colocar aqui estes papa ratos do meu amigo Paulo Bagulho
e encontrei este: https://tviplayer.iol.pt/programa/mesa-nacional/53c6b3af3004dc006243d91b/video/57be17d60cf224ef983144e0
não tenho mais nada a dizer.
Labels: Nisa, Quintal da Festa
Esta citação deste livro, que comentei com um velho amigo hoje em Campo de Ourique:
#alguém próximo votava na extrema-direita, ele ou ela dizia: «A esquerda está-se marimbando para nós, eles não falam de nós», antes de acrescentar que a extrema-direita era a única a preocupar-se com eles, com «os mais pequenos», os «trabalhadores», «as pessoas como [nós]». Esta sensação de ser invisível era muito forte,#
no quadro da passagem de votos do PCP ou do BE para o Chega. Todos iguais...todos a protestar sem alternativa.
um simpático livrinho, para o tempo de um café no moribundo Jardim da Parada.
Labels: Campo Ourique, Ecologia política, Jardim da Parada
Aguardei com grande expectativa este:
um excelente documento, com minúcia conta a estória do desenvolvimento desta ideia e prática. Deliciosas as referências e enquadramento da situação e ocorrência em Portugal, onde revejo muitos amigos e camaradas com os quais interagi, com os quais tenho amizades ou estima.
Imprescindível!
E além do mais o melhor, o melhor livro , sem sombra de dívidas um investigação notável!, com a história do nosso movimento, e alguns dos seus principais personagens.
Tudo gira em torno da saúde, do homem e da terra.
Labels: Agricultura biológica, Agrobio, agroecologia, Ecologia política, Raízes
Este, excelente, desapareceu dos nossos pontos de venda!, e desde logo aprecio esta resposta a número passado do jornal La Décroissance, que também me mereceu severas críticas públicas e que deixarei de comprar durante uns meses, pelo menos, até acabar a azia.
Referiram-me que esta estaria a ser pouco divulgada por algum boicote, por discurso politicamente fora das normas.
https://50anos25abril.pt/agenda/o-mfa-e-o-25-de-abril/
pois não dei por nada, antes pelo contrário, tudo muito certinho ...e até demasiado alinhado.
E talvez, salvo 3 ou 4 écrans com alguma estória, lhe falte dinâmica.
Cronologia ilegível, ninguém é capaz de seguir as linhas e sem qualquer documento ou fotografia que não seja "dejá vu".
Não ouso recomendar aos meninos. Que saudades de outros tempos, também naquela gare.
Labels: 25 Abril, Exposições
Hoje no Mezzo, uma descoberta de excepção!
Vídeo indisponível!
Labels: Ana Carla Maza, jazz
Com este completamos 7.500 publicações/postas. Uma média de quase uma por dia desde que "nascemos" no dia 23 de Junho de 2003, completando este anos os 21.
O tempo, muitos tempos têm passado e ficado. Muitas pessoas tem partido e chegado, em todos os sentidos, muitas memórias se têm construidos e outras apagado ou reconstruido.
Caminhamos, caminhamos, mas os caminhos têm cada vez mais pedras, como nos avisava Drummond, e abeiramos o abismo. Infelizmente o valor das palavras que usamos também se vai perdendo.
Os signos continuam a ser sinais no tempo. Vamos continuar aqui a grafar esta vida.
E hoje, logo de madrugada, enviaram-me este:
Labels: blog, Insignificante
Este livrinho, com o qual tenho sérias divergências, em relação às liberdades individuais...e ao humanismo, tem reflexões de muito interesse, em linha com Gunther Anders que utilizarei em próximos artigos, e desde logo um pensamento em linha sobre a representação, que ele refere como democracia, mas não é, só.
Labels: democracia, hegemonia, Obsolescência
Lembro-a quando ainda adolescentes a desejávamos, no liceu françês, nos anos 60. E tinha uma voz incomparável...
Labels: Françoise Hardy
Caiu-me na sopa este:
mais um sobre um pensador, geralmente maltratado, até pelos que lhe estimam o pensamento.
Uma excelente introdução de Rita Ciotta Neves e mais uns textos em desordem. Gramsci aos poucos.
Estamos em vésperas das eleições europeias. Ninguém, quase ninguém discutiu as questões fundamentais. O problema climático e o decrescimento, ou a sobriedade termo que prefiro, num quadro explicativo. Não se falou da obsolescência do consumo e de políticas sancionatórias da publicidade que se devem interligar. Não se falou de renaturalização e de gestão integrada de espaços em lógicas transnacionais. Não se falou em eficiência energética e em apoio ao auto-consumo e alternativas de produção. Não se falou em transformação democrática das estruturas da União e em novos projectos transnacionais e de participação cívica, como a criação de assembleias populares temáticas europeias.
Talvez, aqui e ali se tenha falada de Europa, para além das tricas nacionais e nacionalistas, das questões que não têm nada, nada mesmo que ver com os processos de decisão ( que não foram igualmente avaliados... como é possível continuar com um parlamento em 3 país, e milhares de assessores).
Esta reflexão enquando acabo de ler este conjunto de pequenos artigos de vários expoentes de pensamento de diversas ciências:
onde sou informado (claro que os candidatos nem por sombras ouviram) que já passámos o ponto de não retorno (tipping point) de descontrole da temperatura oceanica, e igualmente de que o projecto de fusão há 50 anos dizia que em 50 anos estaria aqui e agora diz que daqui a 50 estará ali, só partidos tecnófilos acreditam nisso, sendo que a tecnologia ( e também o chamado e nunca visto hidrogéneo verde) como nos diz Dennis Meadows só nos pode dar mais tempo mas não, não mesmo irá solucionar o problema, e fazer os do costume ganhar muito dinheiro.
Neste livro também descobrimos que as razões do genocídio em Gaza são as bolsas de gás na costa desse território....além do sionismo ele mesmo....
Infelizmente ninguém falou que cada euro gasto a apoiar a guerra ( e a não fazer nada pela paz!) é um euro queimado a produzir gases de estufa. Ninguém falou de nada foi como se não houvesse uma guerra na Europa onde nos estão a atolar cada vez mais cada dia que passa.
I rest my case.
Labels: decrescimento, Eleições europeias, Livros
Tenho que referir que sou amigo do Miguel, partilhei muitas viagens e lutas com ele. Temos tido também grandes enfrentamentos políticos e ideológicos. Estou radicalmente contra muitas das suas ideias, por exemplo para mim a China é um dos sistemas mais repressivos, torcionários e ditatoriais do mundo, além de não respeitar nenhum nenhum direito sejam os individuais, sejam os dos povos que coloniza, ser um dos piores destruidores do ambiente, e teve como dirigentes alguns dos maiores criminosos da história. Para o Miguel a China é o presente e o futuro do socialismo.
Este livro que acabo de ler é um livro cheio de informações caras e muito, muito espesso.
Nele encontrei dados novos, e alguns novos conhecimentos, e sendo sobre um personagem que não é do meu gosto que que já aqui comentei, um prosélito da religião do marxismo-leninismo, desde logo....
mas é um livro com uma leitura difícil, por muita, demasiadas filosofias, mas estimulante.
Reforça as minhas convicções sobre o marxismo, uma filosofia religiosa que tem os seus deuses e paraíso, e os seus padres e sacristãos.
O próprio livro "descobre as dúvidas de Marx sobre o processo económico como desenvolvimento das forças produtivas e encontra nas propostas científicas de Marx propostas caducas"!
Encontro outra citação, essa acima é do Sacristán, de Simone Weil "o pacifismo não consiste em sacrificar todo o valor à sobrevivência, não, consiste em não querer morrer e não querer matar", esta num tema em que estamos em acordo.
Um dos defensores do chamado eco-socialismo, que como sabemos é a tentativa de recuperar o leninismo nos nossos dias. Como já referi antes sem conhecer os teóricos da ecologia e da não violência e sem ler as maiores referências na base da economia e projectos sociais da ecologia política.
Claro que isto é tema para grandes conversas.
Labels: eco-socialismo, Sacristán
O MP (é) visto como um ator político interveniente no combate político, com interesses ilegítimos que não a justiça e a legalidade, e com um alvo partidário a abater. O combate à corrupção perde a legitimidade e a confiança, que são condições centrais na investigação criminal. O Ministério Público é hoje um grave problema do regime democrático.
De Ana Drago, o verbo entre parênteses (é), é mesmo meu!
Labels: Ministério Público, trapaças
Não me dei conta que o original era Françês....
https://www.dupuis.com/madones-et-putains/bd/madones-et-putains-madones-et-putains/90112
fiquei com a ideia que era em Italiano, e comprei-o em Espanhol :
é um livro escrito, desenhado por uma mulher... não o fora e é possível que estivesse no index da moral politicamente correcta, hoje a sofrer de graves problemas mentais.
Um livro com um grafismo notável e um, ou melhor três enredos que mostram o social, a bondade, ou o bondage, sem subterfúgios.
Labels: Madonas y putas, Nine Antico
" O discurso da natureza não é mais que natureza transformada em discurso" de Buffon
" O que conta é a verdadeira razão que se esgrime, não a boca mortal que a enuncia" de Epicuro
" Quem inventou a ansiedade?" Plinio, o Velho
" O mundo essa sombra da alma que se espalha à nossa volta não é senão a pedreira de onde extraimos materiais para a construção. A vida é o nosso dicionário" de Waldo Emerson
E um pouco fora do registo, de Rosa Luxemburgo: " Lenine está errado completamente nos meios que utiliza: o decreto, os castigos draconianos, o domínio pelo terror. Estamos perante um ditadura, mas não a ditadura do proletariado mas de um punhado de políticos" e " O terror é a perversão máxima do socialismo" e " A liberdade é sempre a daquele que pensa de outro modo"
"A poesia é um jardim, um jardim que fala com outros jardins" de Wittgenstein
" Não trabalho com propósitos trabalho com sons" de Cage
Essas são algumas citações ao acaso dos cerca de 80 personagens mencionados neste livrinho sobre A ideia Natural, todos eles naturalistas. E muitas curiosidades: Rosa Luxemburgo deixou um herbário em 18 cadernos. E Nabokov um amante de borboletas "intuiu" que a polyommatus azules teria chegado aos Andes atravessando o Estreito de Bering
Labels: La Invencion de la Naturaleza, Natureza
Mais uma capa de sonho, numa revista cheia, cheia de notícias que são escamoteadas pela hegemonia e o pensamento dominado que controla todos, quase todos os orgãos de comunicação social.
40 das 130 páginas são sobre factos, acontecimentos de hoje para amanhã, processos e aventuras, desde a plantação na Extremadura, a exportação (6 toneladas) de Portugal, da situação no Oregon, paraíso dos fumetas, e arqueologia com drogas, ou à construção com cánhamo.
Outras 40 são sobre personagens e as suas estórias do tempo do mundo das drogas, notável a de Leonard W. Pickard.
Depois as secções habituais, indicações diversas e bonecos ou inculturas, sem esquecer as quase 30 páginas de anúncios, para manter a independência!.
Só hoje tive um tempo para ler este simpático livrinho socio-etnográfico sobre o nosso povo:
as memórias que estruturam este registo de episódios, gentes e factos constituem estória, que deve ser processada e analisada com rigor e sentido.
Fiquei impressionado, de muito de relatado já tinha conhecimento mesmo antes de o ler, penso que no saudoso Estado de Barrancos, outras ter-me-ão escapado e são merecedores de atenção política e social.
Não esqueço que há quase 20 anos apresentei na vereação municipal a proposta de discutir, analisar e reenquadrar a nossa Fêra, que mudou muito nos 150 anos ou um pouco mais da sua existência, como é muito bem referido em capítulo deste.
Infelizmente razões que não tiveram nada que ver com o mérito da proposta chumbaram-na. Hoje a Fêra está em desagregação, depois de ter superado a maior ameaça.
Talvez uma nova vereação tome em mãos este momento do sentir do nosso povo. Os outros, quase todos, feliz ou infelizmente já desapareceram.
Labels: Barrancos, bio-política, Livro
Li este acima. Um número com estórias e informações, como habitual.
Recomendo uma olhada a https://www.avesdeportugal.info/ptealc/
Este número desenvolve artigos sobre estas espécies em risco de deixar de o ser:
Cortiçol-de-barriga-branca (Pterocles alchata)
Cortiçol-de-barriga-preta (Pterocles orientalis)
Também artigos de interesse sobre Veneza, a afundar-se e o Mar Menor, a defender-se, com advogado. Não gostei do artigo sobre o bonobo, mas já o sobre os animais a tratarem-se com plantas é aliciante. Linces e andorinhas e a sua interferência com os humanos são tema e também uma caixa sobre o bisonte em reintrodução, que me suscita angústia. O mesmo, mas adequada a re-introdução da Gazela Mhor no norte de África.
Ainda registo artigo sobre a hipotética longa vida (+ de 400 anos de alguns tubarões) e os conselhos de livros. Alguns aqui aparecerão e este blog, de um dos referidos,: https://www.myslowlife.fr/
Labels: Dia do Ambiente, revista Quercus
Parte da excelente capa do Siné Mensuel de Maio.Não são precisos comentários.
Votem, votem mesmo, contra a extrema direita!
Por uma Europa federal
“Pior que o patriotismo que é uma histeria como qualquer, mas mais mortal e vazia, o que me repugna é a ideia de pátria que é de facto o conceito mais bestial e o menos filosófico com que tentam dominar o nosso espírito. “, Louis Aragon
1-Estamos em vésperas das eleições europeias, e a mais de 3 semanas no momento em que escrevo este artigo, mas posso afirmar sem receio de errar que na campanha eleitoral ainda em curso (e para mim distante, sendo certo que vivemos ora tempos de campanha permanente, em que os políticos afirmam, como nos diz Leonardo Sciascia*, “estarem com o povo, de querer o bem do povo, quanto mais calcam as suas cabeças”, num livro sobre a mafia, já sabem do que estou a falar...), pois nessa campanha falou-se, vai-se falar de tudo, mas não haverá uma palavra sobre a Europa, nem sobre a paz de que esta se deveria constituir garante e responsável.
Sou um federalista radical, defendo um Parlamento Europeu com poderes efectivos (e não o simulacro do actual, onde o único voto a sério é o voto do/no orçamento, mas mesmo esse é totalmente desvirtuado pela chantagem dos Estados sobre o que não deveriam ser os “seus” deputados, dado que, e esse é outro absurdo, esses são eleitos em listas nacionais e em quadros de obediência e dependência, seja nacional, leia-se ao clube).
Um Parlamento que elegesse um governo a sério para um espaço onde as autoridades nacionais só deveriam ter poderes de gestão socio-cultural e essas poderiam, do meu ponto de vista, ser representadas num senado (europeu) territorial com poderes simbólicos.
As políticas monetárias seriam integradas (assim como o sistema de impostos) e as restantes áreas teriam quadros normativos supra-nacionais, como na área da energia, da agricultura e do ambiente e claro no que toca os direitos sociais e humanos.
2- Fui, antes da adesão portuguesa (1º semestre 85) assistente parlamentar no Parlamento Europeu/Partito Radicale, onde procurei criar (e ficou!) uma das primeiras estruturas ecologistas europeias, participei em muitas campanhas deste grupo sui generis (Radicale), seja pela entrada da Jugoslávia na U.E. (que teria evitado a guerra e o escombramento), seja pela legalização das drogas (que criaria um quadro de regulamentação “favorevole” à saúde, às finanças e a uma luta no quadro das instituições contra estas e os seus próceres), seja por um sistema federal com um Parlamento com poderes. E por um Tibete livre!
3- Como referi em artigo anterior este era para ser sobre outra peça de propaganda, a Obsolescência, em linha com o pensamento de Gunther Anders e a alienação do consumo, seguindo-se outro sobre a ficção da macro-economia e a bio-economia em alternativa alinhado com Georgescu-Roegen, e outro ainda sobre a hegemonia, inspirado por Gramsci. Estão em linha.
*Notável escritor siciliano, que denunciou a mafia em várias das suas obras, deputado pelo P.C.I. e depois de sair deste eleito pelo Partito Radicale. É uma referência.
Um congresso confuso, que participei, votou contra este símbolo para o Partito. A proposta, de Marco Pannella, acabou por ser aprovada no conselho geral. Gandhi foi um personagem controverso, mas é um referente da não-violência.
Nota:
A imagem inicial e esta acima foram ambas propostas para escolha do editor, em alternativa, para ilustrar o artigo.
Labels: A Moral e a Política, Eleições europeias, Gazeta da Beira
Ontem estivemos na Feira do Livro. Aqui cerca de um décimo dos nossos livros:
Labels: Livros
